Lev Tolstói tinha 26 anos quando chegou a Sebastopol, cidade portuária no sul da Crimeia.
A tensão entre os impérios russo e turco-otomano acumulava-se há anos e, em 1853, transformou-se numa guerra de grandes proporções.
Quando chegou à península, a guerra já corria há mais de um ano. O jovem soldado testemunhou os resultados da peleja: navios britânicos e franceses alvejavam a costa da cidade; carroças de madeira iam e vinham, sempre carregadas de cadáveres; a artilharia russa rugia sem cessar.
O escritor, que chegou à Crimeia com o coração cheio de ideais patrióticos e pronto para buscar fama através da luta, voltou à Rússia cético, desacreditado da política e dos homens e, portanto, pacifista.
Em Crônicas de Sebastopol, Tolstói apresenta a realidade da guerra ora como redigisse uma reportagem, ora pintando batalhas com uma grandiosidade cinematográfica.
Retratando de modo equânime otomanos, inglês, franceses, russos, tártaros, ucranianos e todos os povos que participaram da luta, Tolstói mostra as duas faces da guerra: uma grandiosa e heróica – que atrai para si muitos jovens ambiciosos – e outra cruel e sanguinária – que corrói corações e ideais de todos os que nela tomam parte.