Machado de Assis e Lima Barreto, o povo olhando a elite

No intrincado cenário da literatura brasileira, destaca-se a narrativa que desvenda os véus de hipocrisia da elite, revelando as contradições sociais que permeiam a nação. Longe de ser um produto exclusivo dos salões aristocráticos, a alta literatura do Brasil encontra suas raízes nas críticas perspicazes de figuras como Machado de Assis e Lima Barreto.

Machado de Assis, um dos maiores expoentes da prosa brasileira, emergiu das ruas do Rio de Janeiro para expor, por meio de suas sátiras brilhantes, a falsa moralidade e a hipocrisia que caracterizavam a elite do século XIX. Seu olhar arguto escavou as camadas sociais, revelando as contradições de uma sociedade que se pretendia civilizada, mas que escondia suas mazelas sob o verniz do status social, e o fez com o privilégio intelectual de ser um forasteiro na casa grande, sem estar amarrado a hábitos mentais e costumes da elite.

Lima Barreto, contemporâneo de Machado e enfant térrible da literatura nacional, adotou uma abordagem mais direta em suas críticas à elite. Sua pena ferina, moldada pelas experiências de um afrodescendente e marginalizado, não poupou a classe dominante das duras verdades sobre a desigualdade, a falta de empatia e desprezo completo pela vida da inteligência. Barreto, por meio de suas obras, desafiou a retórica vazia da elite, expondo suas contradições com uma voz incisiva..

Ao explorar as obras desses dois mestres da literatura brasileira, o Clube de Literatura Clássica se depara não apenas com a genialidade literária, mas também com um espelho crítico que reflete as complexidades sociais de uma nação (ainda) em formação. Esses autores, ao desmistificarem a elite, oferecem uma contribuição valiosa para a compreensão da história social do Brasil, destacando que a verdadeira grandeza literária reside na capacidade de desvelar as camadas de fingimento que permeiam a sociedade.

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Neste post, embarcaremos em uma jornada literária pelos olhos do renomado

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