5 livros para começar a ler os clássicos

Redação do CLC

Ler os chamados “clássicos da literatura” pode parecer, à primeira vista, uma tarefa intimidadora. Muitas pessoas acreditam que esses livros são difíceis, ultrapassados ou reservados a especialistas. Mas a verdade é que os clássicos sobreviveram ao tempo justamente porque continuam falando sobre nós: nossas angústias, nossos sonhos, nossas contradições mais profundas.

Começar pelos livros certos faz toda a diferença. A seleção a seguir foi pensada para quem deseja entrar nesse universo com prazer, curiosidade e encantamento. São obras com tramas envolventes, temas universais e personagens inesquecíveis — perfeitas para quem quer dar os primeiros passos na leitura dos clássicos.

1. A Morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói

Um dos livros mais curtos e profundos de Tolstói, A Morte de Ivan Ilitch é uma meditação poderosa sobre o sentido da vida, da dor e da morte. O protagonista, um juiz de classe média alta, vive conforme os valores da sociedade — status, aparência, carreira — até que uma doença incurável o força a encarar o fim.

Escrito com uma clareza cortante, o livro nos conduz ao longo da jornada interior de Ivan Ilitch, enquanto ele percebe que talvez nunca tenha realmente vivido. Tolstói, com sua prosa direta e penetrante, nos obriga a refletir sobre o que realmente importa. Uma porta de entrada perfeita para os clássicos russos — intensa, humana e transformadora.

2. Dom Casmurro, de Machado de Assis

Mais do que uma história sobre ciúmes, Dom Casmurro é um mergulho na mente de um narrador fascinante e nada confiável. Bentinho nos conta sua vida, e seu amor por Capitu,  com uma mistura de melancolia e manipulação, e o leitor é convidado a julgar por si próprio: Capitu traiu ou não traiu?

Machado de Assis brinca com a linguagem, desafia a nossa percepção e revela, por meio da ironia, os jogos de aparência da sociedade brasileira do século XIX — que, no fundo, continuam muito atuais. É uma leitura ágil, inteligente e reveladora, ideal para quem quer começar pelos clássicos nacionais com o pé direito.

3. Frankenstein, de Mary Shelley

Nascido de uma aposta literária entre amigos numa noite de tempestade, Frankenstein é mais do que uma história de terror: é uma reflexão profunda sobre criação, responsabilidade e solidão. Victor Frankenstein, um jovem cientista obcecado, dá vida a uma criatura, mas se recusa a assumir as consequências de seu ato.

A criatura, sensível e rejeitada, percorre o mundo em busca de aceitação, e o confronto entre criador e criação ganha contornos filosóficos, existenciais e até políticos. Escrito por Mary Shelley quanto tinha apenas 18 anos, o livro é um clássico que dialoga com temas contemporâneos como bioética, exclusão e o desejo humano de ultrapassar limites.

4. O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde

Imagine poder manter sua aparência jovem para sempre, enquanto os sinais do tempo e da corrupção da alma se revelam apenas em um retrato escondido. Essa é a proposta de Oscar Wilde neste romance provocador sobre beleza, vaidade e decadência moral.

Com diálogos afiados, personagens marcantes e uma crítica feroz à hipocrisia da sociedade vitoriana, O Retrato de Dorian Gray seduz o leitor com sua elegância e, ao mesmo tempo, o perturba com suas perguntas sobre identidade e culpa. Um clássico ideal para quem aprecia histórias com atmosfera sombria e sofisticada.

5. A Metamorfose, de Franz Kafka

Em poucas páginas, Kafka cria um dos começos mais impactantes da literatura: “Quando Gregor Samsa despertou certa manhã de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado em uma monstruosa praga.”1 A partir daí, o que se segue é uma fábula moderna sobre alienação, rejeição e o absurdo da existência.

A Metamorfose pode ser lido como alegoria de muitas coisas: a vida em família, o trabalho alienado, a incomunicabilidade. Com estilo direto e cenas perturbadoras, o texto de Kafka nos convida a olhar o mundo de forma diferente — e marca o leitor com sua estranheza precisa. É perfeito para quem busca um clássico curto, instigante e profundamente simbólico.

Pronto para virar leitor de clássicos?

Ler clássicos pode parecer um desafio, mas, na verdade, é como encontrar velhos amigos que você ainda não conhecia. São vozes de outros tempos que, de algum modo, continuam nos ouvindo e respondendo. Cada livro desta lista é uma chave: abre portas para outras histórias, outras ideias, outras formas de sentir o mundo. Seja pela força das emoções, pelo humor sutil, pela crítica afiada ou pela beleza da linguagem, esses clássicos continuam vivos porque ainda fazem sentido — e nos tocam onde mais importa.

Se você conhece alguém que também quer começar a ler clássicos, compartilhe esta lista. Quem sabe esse seja o começo de uma grande jornada literária para mais alguém?

  1. KAFKA, Franz. A Metamorfose. Dois Irmãos/RS: Clube de Literatura Clássica, 2023.
    ↩︎

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