Conheça um dos maiores clássicos da literatura francesa do século XIX
O romance O Pai Goriot, de Honoré de Balzac, foi publicado originalmente em folhetos entre 1834 e 35, na revista literária La Revue de Paris. Tornou-se uma das obras mais lidas e conhecidas da Comédia Humana (nome com o qual o autor francês batizou o conjunto de sua obra).
Na divisão geral da Comédia Humana (pois Balzac a sub-dividiu por temas), O Pai Goriot foi classificado na parte dos “Estudos dos Costumes – Cenas da Vida Privada”. Entre as histórias que se entrecruzam no romance, cujo epicentro é a Casa Vauquer, uma casa de pensão, está a do próprio “pai” Goriot (apodo que lhe foi dado, termo usado pejorativamente para descrever-lhe, pois “pai”, no romance, seria o nosso equivalente de “tiozinho”), e também a do ambicioso Eugênio de Rastignac, além do enigmático Vautrin.
O grande personagem da história, em suas entrelinhas, é o dinheiro, sua força de sedução e corrupção, além de seu poder de criação do ilusório. Esse símbolo ganha corpo, nas páginas do livro, na história das filhas do pequeno-burguês Goriot, tão ingratas e cruéis quanto as filhas do shakespeareano Rei Lear. As duas filhas de Goriot lhe arrancam tudo e depois o abandonam.
Goriot morre só, feito um cão sem dono. Daí a célebre passagem do romance, pela boca do moribundo: “Ah, meu amigo, não se case, não tenha filhos! Você lhes dá a vida e eles lhe dão a morte”.
O Pai Goriot é um romance de transição na Literatura Européia. Como diz o eminente crítico autríaco-brasileiro Otto Maria Carpeaux, o romance de Balzac marca a transição entre o romantismo e o realismo naturalista na literatura do Século XIX. “A história do romance como gênero literário divide-se em duas épocas: antes e depois de Balzac”, diz o crítico.
Apesar de, em seu lançamento, ter provocado diversas polêmicas, desde a de que seria uma “obra vulgar”, até a acusação de plágio, quanto a Rei Lear, O Pai Goriot tornou-se um dos maiores clássicos do século XIX, tanto de Balzac quanto da literatura francesa.