As 8 melhores histórias de amor da Literatura Clássica

Dos gregos aos latino-americanos, as histórias mais lindas e mais trágicas de todos os tempos.

Redação do CLC

O amor, em suas várias formas, sempre foi um tema central na literatura. De fato, desde que o mundo é mundo, as histórias contam sobre heróis, guerras, grandes feitos… e o amor. Um amor que pode provocar guerras, como Helena e a guerra de Tróia; tragédias, como Romeu e Julieta; decepções e traições, como Emma e Charles Bovary, e tantos outros.

A verdade é que fica difícil colocar tantos casais inesquecíveis em uma única lista. Por isso, nossa pretensão é selecionar alguns que, por vários motivos, tornaram-se um grande símbolo do amor — seja em sua face mais feliz ou mais trágica. Nas paixões avassaladoras, nas separações dolorosas ou nos amores que resistem ao tempo e à adversidade — o amor está no ar!

A seguir, revisitamos alguns dos casais mais emblemáticos da literatura clássica. Vamos ver se você concorda com essa lista!

1. Romeu e Julieta, de William Shakespeare

Romeo and Juliet on the balcony, de Julius Kronberg (1886).

Romeu e Julieta, imortalizados por William Shakespeare, são, sem dúvida, o casal mais famoso da literatura quando se trata de amor impossível. Unidos por uma paixão avassaladora e imediata, eles se veem forçados a desafiar a hostilidade entre suas famílias para viverem o que acreditam ser um amor destinado.

A peça, que é apaixonante em sua beleza e tragédia, é também uma poderosa crítica à rivalidade familiar e aos preconceitos que frequentemente impedem a realização plena dos sentimentos. Sua história não é apenas sobre o amor, mas sobre como ele é corrompido pelas estruturas sociais e familiares que criam barreiras intransponíveis.

    A tragédia de Romeu e Julieta continua a ser um símbolo da juventude impetuosa e da intensidade do amor jovem, capaz de desafiar todas as convenções. No entanto, o que torna a história tão inesquecível é que, mesmo com o trágico desfecho, o amor deles persiste como um símbolo eterno de paixão. A história se repete de geração em geração, inspirando filmes, peças de teatro e romances que exploram os limites do amor e da lealdade, tornando-a uma das narrativas mais universais e atemporais da literatura ocidental.

    2. Heathcliff e Catherine, de O Morro dos Ventos Uivantes:

    Cena do filme “O Morro dos Ventos Uivantes”, dirigido por William Wyler.

    O amor entre Heathcliff e Catherine é uma das relações mais complexas e turbulentas da literatura. Desde a infância, os dois são inseparáveis, mas sua relação é marcada por ciúmes, vingança e uma obsessão quase doentia. O amor deles não é doce e romântico como muitos outros casais clássicos; é implacável, selvagem e, muitas vezes, destrutivo.

    Heathcliff, adotado pela família de Catherine, acaba sendo rejeitado pela sociedade e por ela mesma, o que acirra seu ódio e sua paixão. A dor da separação deles é o motor que impulsiona a obra e define o tom da narrativa.

    A intensidade do amor entre Heathcliff e Catherine supera a vida. Mesmo depois da morte, a presença dela assombra a vida de Heathcliff, que nunca encontrará paz até ser reunido com ela no além. Seu amor é uma tempestade, uma força que arrasta tudo o que toca. O Morro dos Ventos Uivantes nos lembra que o amor, em sua forma mais pura e ardente, pode ser uma força tão destrutiva quanto criativa, capaz de transformar para sempre os destinos dos envolvidos.

    Além de amor, O morro dos ventos uivantes é também uma história de vingança. Leia mais.

    3. Tristão e Isolda

    Tristan and Isolde with the Potion, de John William Waterhouse (1916).

    A história de Tristão e Isolda, com suas raízes nas lendas celtas, é um conto sobre a inevitabilidade do destino e a força do amor proibido. Tristão, cavaleiro nobre, e Isolda, prometida ao rei, se apaixonam perdidamente após beberem uma poção mágica. Desde o primeiro momento, esse amor está condenado a ser oculto e à margem das convenções. A força dessa paixão, contudo, resiste às imposições da honra e da moralidade, desafiando as expectativas do que deveria ser o amor em uma sociedade medieval rígida.

    Sua história é um emblema da tragédia de amar o impossível. A separação e a perda tornam-se temas recorrentes, com ambos vivendo a dor do amor não correspondido até o fim. A lenda de Tristão e Isolda é uma das mais profundas e dolorosas representações do amor eterno, e sua história continua a inspirar adaptações e reinterpretações, sendo sempre uma metáfora sobre o amor que ultrapassa as barreiras da razão e da ética, deixando apenas o sofrimento como legado.

    4. Elizabeth Bennet e Mr. Darcy, de Orgulho e Preconceito:

    Ilustração de Charles Edmund Brock para a edição de Pride and Prejudice, de Jane Austen, de 1895, pela Courtesy of the British Library.

    O amor entre Elizabeth Bennet e Mr. Darcy é um dos mais complexos e cativantes da literatura inglesa. Inicialmente, os dois se veem como opostos: Elizabeth é espirituosa e determinada, enquanto Darcy é orgulhoso e aparentemente distante.

    No entanto, à medida que a história avança, os personagens começam a perceber as falhas em seus próprios julgamentos. Elizabeth descobre que o orgulho de Darcy é o reflexo de sua insegurança, enquanto ele percebe que o preconceito contra sua família estava equivocado. O amor deles, por isso, cresce lentamente, mas de maneira firme, construído sobre respeito e admiração.

    Essa relação é uma das mais evolutivas da literatura, mostrando que o amor pode ser um processo de auto descoberta e aceitação. Darcy e Elizabeth ensinam que, embora o amor surja de maneira inesperada, ele se fortalece quando se baseia na honestidade e na transformação pessoal. Suas imperfeições e a maneira como ambos superam suas falhas e orgulhos pessoais tornam seu amor um modelo de amadurecimento e compreensão.

    5. Florentino Ariza e Fermina Daza, de O Amor nos Tempos do Cólera:

    Cena do filme “O amor nos tempos do cólera”, dirigido por Mike Newell.

    O amor entre Florentino e Fermina é uma história que atravessa o tempo e a distância, mostrando que o verdadeiro amor não conhece a passagem dos anos. Florentino, apaixonado por Fermina desde a juventude, dedica-se a ela com uma devoção que beira à obsessão. Após se separarem por causa das imposições da vida e do destino, Fermina se casa com outro homem e leva uma vida de responsabilidades e compromissos. No entanto, a memória do amor de Florentino nunca se apaga, e ele permanece fiel à sua paixão, esperando, pacientemente, que o tempo e as circunstâncias se alinhem para seu reencontro.

    Quando finalmente se reencontram, já na velhice, o amor que ambos compartilham parece ter adormecido, mas não desaparecido. O reencontro deles é uma celebração da fidelidade ao amor verdadeiro, que, embora oculto, nunca deixou de existir. Márquez apresenta o amor como uma força que ultrapassa o tempo, mostrando que, por mais que as circunstâncias e as escolhas da vida se interponham, o verdadeiro amor sempre encontrará seu caminho, mesmo que somente na velhice.

    6. Capitu e Bentinho, de Dom Casmurro:

    Cena da série “Capitu”, baseada em Dom Casmurro e produzida pela Rede Globo.

    O romance entre Capitu e Bentinho é, talvez, um dos mais enigmáticos da literatura brasileira. O amor entre eles começa de forma promissora, com ambos crescendo juntos e se apaixonando. No entanto, a relação deles é marcada pela insegurança de Bentinho, que é obcecado pela ideia de que Capitu o traiu com seu amigo Escobar. A narrativa, contada pelo próprio Bentinho, é permeada de dúvidas, o que torna a história de amor entre eles cheia de ambiguidades. Não sabemos se o ciúme de Bentinho é fruto de uma percepção distorcida da realidade ou se, de fato, Capitu foi infiel.

    A história de amor entre Capitu e Bentinho nos leva a refletir sobre a natureza das relações humanas e a fragilidade das certezas que temos sobre o outro. A dúvida é a grande protagonista dessa obra, fazendo-nos questionar não apenas a fidelidade de Capitu, mas também a confiabilidade da visão de mundo de Bentinho. O amor entre os dois é, portanto, uma construção incerta, marcada por suspeitas, traumas e o peso do passado.

    Você também pode gostar de ler: Faz diferença saber se Capitu traiu ou não traiu Bentinho?

    7. Dante e Beatriz, de A Divina Comédia:

    Dante und Beatrice, de Carl Oesterley (1845).

    O amor entre Dante e Beatriz, em A Divina Comédia, vai além do mundo terreno e se torna uma das expressões mais sublimes e espirituais de amor na literatura. Dante, após a morte de Beatriz, embarca em uma jornada para os reinos do Inferno, Purgatório e Paraíso, guiado por ela. Beatriz, além de musa, torna-se a representação da pureza e da salvação, guiando Dante em sua ascensão espiritual. Seu amor é um amor que não se baseia no desejo físico, mas em uma conexão transcendental, que busca a purificação e a união com o divino.

    A jornada de Dante em direção a Beatriz simboliza a busca pela redenção e pela luz espiritual, fazendo desse amor uma força que ultrapassa os limites do humano. A obra de Dante nos ensina que o amor verdadeiro pode ser uma elevação espiritual, que busca ir além do mundano e alcançar o eterno. Beatriz, em sua pureza, não é apenas musa, mas a luz que guia Dante na busca pela perfeição.

    8. Ulisses e Penélope, de Odisseia:

    Ulysses and Penelope, de Francesco Primaticcio (1540)

    O amor de Ulisses e Penélope é um dos mais duradouros e pacientes da literatura. Enquanto Ulisses luta e vaga por mares distantes, enfrentando monstros e obstáculos, Penélope o espera, fiel e imutável. Sua fidelidade é testada, mas ela permanece firme, rejeitando os pretendentes e mantendo a esperança de que seu marido retornará. Esse amor não é marcado por grandes declarações de paixão ou gestos românticos, mas pela confiança mútua e pela resistência ao longo do tempo.

    A história de Ulisses e Penélope nos mostra que o amor não se define apenas pelo desejo ou pela presença constante, mas pela força silenciosa da confiança e da fidelidade. O amor deles sobrevive à ausência e à dor da distância, tornando-se um símbolo da perseverança. O retorno de Ulisses e a reunião do casal representam a vitória da confiança e da paciência, mostrando que o amor, em sua forma mais pura, é feito de resistência e comprometimento, não de promessas vazias.

    Leia também: Homero e as origens da literatura ocidental.

    O amor que perpetua nas letras

    O amor, como retratado nesses casais da literatura clássica, é uma força que transcende as limitações do tempo, do espaço e até da morte. Ele se reinventa a cada história, seja na forma de um romance ardente, de uma paixão proibida, de uma fidelidade inquebrantável ou de uma ligação espiritual que desafia a lógica terrena. Esses casais não são apenas personagens de ficção, mas representam os desejos, os medos e as esperanças universais que nos unem como seres humanos.

    Nas páginas dos romances clássicos, o amor nos ensina lições profundas sobre a vida, sobre quem somos e sobre o que somos capazes de fazer pelo outro. Ele é ao mesmo tempo o que nos eleva e o que nos destrói, mas, acima de tudo, é a força que move as grandes histórias da humanidade — ou, como diria Dante, “o amor que move o sol e as estrelas”.

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